“Fico feliz em perceber que as pessoas mais importantes para a consolidação da SBCT como sociedade médica, estão aqui, convencidos que estamos todos de que este é um momento significativo das nossas vidas.
E quem era importante que estivesse, e não pode vir, faltou pela maior de todas as razões e para que não reste dúvida sobre quem significou o que na história desta sociedade, o seu nome transformado em codinome desta sala, ficará marcado para sempre naquela placa de bronze.
Quase sinto o Vicente andando por aqui, espreitando o que fizemos e certamente louco por um aparte e provavelmente uma reclamação, por alguma coisa relevante que esquecemos. Desculpe Nuno, a gente tentou fazer o melhor que podia e tenho certeza que você deve estar bem orgulhoso com todas estas homenagens.
O sonho que estamos coroando aqui foi embalado a muitas mãos, essas mãos solidárias que regeram a nossa jovem sociedade a partir de sua fundação em 1997, mas também as mãos determinadas e corajosas que criaram o antigo Departamento de Cirurgia Torácica da SBPT, embrião profícuo de tudo o que se construiu depois.
Quando percebemos que éramos suficientemente numerosos e nos sentíamos fortes o bastante para andar com nossas próprias pernas, decidimos fundar a nossa Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica, sem romper os vínculos científicos e afetivos que historicamente nos uniram à Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, com quem sempre mantivemos e manteremos laços da mais cordial fraternidade.
Sabem eles e, sem dúvida sabemos nós, que esta separação é apenas geográfica, e que não houve, nem haverá, nenhum distanciamento entre os nossos projetos comuns de crescimento pessoal e institucional, que sempre nos mantiveram próximos e solidários em todos os eventos de interesses convergentes.
O estímulo continuado de cada diretoria da SBCT para que seus membros se mantenham associados à Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, através do Departamento de Cirurgia Torácica é a prova contundente do interesse em solidificar cada vez mais esta união. Uma sociedade com representatividade se constrói com o somatório das esperanças de seus membros, e tentar viabilizar estas esperanças é a missão primordial que recebemos na passagem de bastão das diretorias que nos precederam.
Foi assim quando Vicente Forte presidiu a primeira diretoria, e no período de 1997 a 2001 plantou as bases de uma sociedade que nasceu sob a desconfiança de que talvez não pudesse subsistir como entidade de classe independente. Os primeiros regimentos e estatutos foram definidos e os limites da especialidade começaram a ser traçados.
Depois da agitação do Nono, fez muito bem à SBCT a diplomacia, a serenidade e a fidalguia da gestão de Figueiredo Pinto, que atraiu para a novel sociedade todas as pessoas de boa vontade, estabeleceu critérios para exercício da profissão, refutou a invasão de especialidades correlatas, e redigiu as normas para a implementação da alta complexidade.
Nas muitas reuniões da AMB realizadas em São Paulo, a Diretoria da SBCT, na época limitada a 3 membros, contou com o apoio incondicional do Vicente Forte, num desprendimento que o Figueiredo Pinto não cansa de exaltar.
Quem conheceu o Vicente, como eu tive a oportunidade e o privilégio, sabe muito bem que este era apenas o seu jeito de ser, absolutamente incapaz de conviver com projetos inacabados, e certamente a SBCT sempre foi uma de suas paixões mais escancaradas.
Participar da diretoria que tenho a honrosa incumbência de presidir, representou para mim a oportunidade prazerosa de conviver com pessoas determinadas, e com a doçura que caracteriza os profissionalmente realizados.
Neste convívio fraternal, estabelecemos algumas metas, na nossa opinião prioritárias, e que foram referendadas por 70% dos sócios que compareceram à última assembléia geral e que nos delegaram o segundo mandato.
Uma dessas metas, estamos orgulhosamente concluindo hoje, nesta cerimônia singela, mas significativa, para todos os que se envolveram nesta tarefa.
Quando começamos a discutir a aquisição de uma sede, houve unanimidade na escolha de São Paulo como local, pela proximidade da AMB e dos patrocinadores da nossa sociedade, pelo maior contingente de sócios radicados neste Estado e pela situação geográfica mais favorável.
A etapa seguinte consistiu em buscar patrocinadores para este investimento, que na opinião unânime do grupo, deveria significar custo zero para nossos cofres.
Hoje podemos dizer com algum orgulho que esta sede é um presente da atual Direitoria para a SBCT, obtido com a solidariedade de empresas que prontamente atenderam nosso apelo, e rateando custos e encargos nos permitiram concluir com sucesso este projeto. Nossos agradecimentos às seguintes empresas:
– Braile Biomédica
– Jonhson & Jonhson
– P Simon
– Auto Suture do Brasil
– E. Tamussino
Aprendi ao longo da minha que todas as missões difíceis que resultaram em sucesso, dependeram invariavelmente da determinação de uma única pessoa, que acreditou mais que as outras e que colocou naquele objetivo toda a sua gana e a sua força.
Eu não tenho nenhuma dúvida em afirmar que não estaríamos inaugurando nada, se a centelha da idéia inicial não tivesse posto um brilho no olho do Fábio Jatene, que da sua maneira serena mas determinada, cordial mas inflexível, abraçou a causa e, bramindo genética, persistência, e convicção, foi à luta e, conseguiu o apoio dessas empresas, numa inequívoca demonstração de seu prestígio pessoal.
A SBCT será sempre grata por esta manifestação de sensibilidade empresarial daquelas entidades que se mostraram parceiras tão solidárias. E ao Fabio por tê-las persuadido que este era o momento propício para fomentar estas parcerias.
A idéia de uma sede própria, tinha mais do que o simples desejo de cortar o cordão umbilical e sobreviver por conta própria. Simbolizava também nossa afirmação como entidade independente, com autonomia e espaço para gerir nosso próprio destino.
A sala é pequena, a decoração é apenas funcional, mas é o nosso canto, e se prestarem atenção, encontrarão espalhados por aí os fragmentos dos sonhos dos 509 cirurgiões torácicos brasileiros que constituem a nossa SBCT e que venham de onde vierem, aqui se sentirão em casa.”
Jose J. Camargo
Presidente da SBCT